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Eliseu Padilha coordena a elaboração dos Planos de Governo do PMDB

18/09/2009
“Qual a Proposta do PMDB para a sociedade brasileira, hoje?”, questiona Padilha.
O deputado federal Eliseu Padilha, presidente da Fundação Ulysses Guimarães Nacional (FUG), está promovendo para todo País, Congressos Estaduais e o Nacional, com a finalidade de debater e coletar subsídios para a elaboração dos Planos de Governo do PMDB para os Estados e para o Brasil. “Este é o clamor das bases”, assim resume o deputado ao convidar todos os militantes a participar do debate e a construir um Plano, que servirá como “um guia, uma bússola, um referencial” para marcar a posição e o pensamento do PMDB, ante a realidade local e nacional
A FUG, sob a direção do deputado Padilha, está encarregada de definir e apresentar a forma com que tais Planos de Governo serão elaborados. Para tanto a Fundação constituiu uma comissão, indicada pelas lideranças no Congresso Nacional: da Câmara, os deputados Colbert Martins (BA) e Lelo Coimbra (ES) e, do Senado, o senador Valter Pereira (MS). Essa Comissão em conjunto com a Presidência da FUG produziu um questionário que foi distribuído a todos os Estados da Federação, com a intenção de ouvir a voz do militante do PMDB, em todos os municípios do Brasil.
Para esclarecer o assunto entrevistamos o Presidente da Fundação, deputado Eliseu Padilha:
Quem decidiu pela realização dos Congressos Estaduais e Nacional do PMDB para elaboração do Plano de Governo do Partido para os Estados e para o Brasil?
Eliseu Padilha: Este é um assunto que não poderia ser decidido isoladamente, por isso ele foi levado, primeiro, a uma reunião da Executiva Nacional do Partido, sob a condução do Presidente Michel Temer e, depois, para uma reunião do Conselho Curador da Fundação Ulysses Guimarães, onde me coube expor a idéia e colocar o que nós pretendíamos. Então, estes foram os órgãos que decidiram pela realização dos Congressos Estaduais e do Nacional. A idéia é realizarmos estes Congressos com a finalidade de reunirmos subsídios, primeiro, para a elaboração de um Plano de Governo Estadual e, depois, na junção, na conjugação, na consolidação de todos os Planos de Governo do Partido para os 27 estados do País, nós termos a base para a elaboração de um Plano de Governo Nacional.
A elaboração de um Plano de Governo pelo PMDB significa que o Partido terá candidatura própria aos Governos Estaduais e a Presidência da República?
Eliseu Padilha: O objetivo primeiro, a meta primeira de qualquer partido político é chegar ao poder. Para que, uma vez no poder, ele possa implantar sua filosofia política, a sua ideologia, que estará retratada no seu Programa de Governo. Então, o primeiro elemento para um partido político disputar a eleição para Governo Municipal, Governo do Estado, ou Presidência da República é o Plano de Governo. Qual a proposta que o Partido tem para a sociedade hoje? O PMDB é o maior partido do Brasil. O PMDB tem o maior número de prefeitos, cerca de 100% a mais do que o seu seguidor mais próximo. O PMDB tem o maior número de vereadores, o maior número de deputados estaduais, o maior número de deputados federais, de senadores, de governadores e, é pouco compreensível, que, com tanta superioridade de representação e base política, não tenha um Plano de Governo, que poderia sustentar uma candidatura própria a Presidência da República. A idéia que nos move é: termos um plano de governo para os 27 estados e posteriormente um plano de governo para o Brasil. Se vamos ou não ter candidato do PMDB nos 27 estados e à Presidência da República é algo que iremos discutir depois. Essa discussão não existe agora. Para pensar em ter candidato é necessário que se tenha antes um Plano de Governo. Ele será nossa Carta de Apresentação à Sociedade. Por isso nós estamos fazendo a primeira parte. Vou exemplificar: é como se para construir um edifício ou uma casa, você contratasse antes do projeto, o mestre de obras. Ora, o mestre de obras só é necessário para iniciar a construção, depois do projeto pronto e aprovado. A partir dai, o mestre de obras tem importância. No caso da candidatura própria é a mesma coisa.
E como será essa conciliação do Plano de Governo com a candidatura própria, caso ocorra? O candidato não deveria participar desta construção?
Eliseu Padilha: Primeiro nós temos que ter uma proposta, nascida de baixo para cima, nascida na base da sociedade, dos peemedebistas que convivem em todos os municípios do Brasil. Com esta proposta sendo lapidada, sendo trabalhada com a colaboração do meio acadêmico, que também estamos agregando a este trabalho, teremos a opinião dos peemedebistas de todo o Brasil. Adicionaremos a doutrina do Partido, o programa político do partido e a história do Partido e, para concluir, levaremos estas partes à consolidação acadêmica. Com resultado desta fusão, nós teremos um Plano de Governo do PMDB para os Estados e para o Brasil, que retratará o que pensa e o que quer todo o Partido. Mas, para pensarmos em ter um candidato com chances de vitória, nós temos que ter em primeiro lugar um Projeto aprovado pela sociedade. Depois buscaremos o candidato. E, daí você me pergunta: mas se o partido não tiver candidato para Governador ou Presidente da República e for fazer alguma aliança? Até para que se possa fazer uma aliança em igualdade de condições, o partido tem que ter a sua própria proposta de governo. Para depois, caso necessário, poder unir as propostas e entre os aliados ter uma aliança que será feita com base conceitual, a partir de um programa de governo. Teremos então uma coalizão de governo. O que tem acontecido com o PMDB, nos casos em que ele tem apoiado governadores ou presidentes de outros partidos? Ele tem sido apenas adesista. Ele adere. É um partido que não tem participado na construção do Programa de Governo. Ele não tem sido Governo. Alguns dos seus quadros têm estado nos Governos de outros partidos.
O PMDB é muito grande, tem a maior militância, tem muitas boas cabeças em todas as regiões do Brasil, tem muitos bons cérebros, cujas contribuições nós temos que transformar em uma proposta de governo do PMDB. Este é o nosso objetivo. O fato de nós termos um plano de governo para os 27 estados e para o Brasil não significa, obrigatoriamente, que nós teremos candidatos majoritários para todos os cargos, mas garantirá que poderemos ter.
Qual a sistemática adotada pelo PMDB e pela FUG para a elaboração dos Planos de Governo?
Eliseu Padilha: Nós estamos trabalhando para ouvir os peemedebistas em todos os cantos do Brasil. Por isso, enviamos um ofício e um calendário para a elaboração do Programa, em que colocamos, passo a passo, como deverá ser preenchido o questionário que foi encaminhado. Nós sugerimos, também, que em cada estado o questionário seja enviado para todos os diretórios municipais que, em reunião convocada para este fim, ouvirá a todos os companheiros e, depois o preencherá, retratando a posição de tal município. Cada Diretório Municipal, depois, levará sua posição para o Congresso Estadual, onde será recolhido e tabulado, de forma que nele participe, no mínimo, um peemedebista de cada um dos seus municípios. Por exemplo, lá no meu estado, o Rio Grande do Sul, há 496 municípios. Então, reuniremos, no mínimo, 496 companheiros e consolidaremos 496 questionários. Cada município vai preencher o seu questionário e, depois, o Diretório Estadual fará a consolidação desse trabalho e a remeterá a FUG, que o agregará aos dos outros 26 Estados, para preparar o Programa de Governo para o Brasil, que deverá ser submetido ao Congresso Nacional do PMDB. Esta mesma contribuição de cada um dos municípios deverá nortear a elaboração de nosso Programa de Governo para o respectivo Estado. Portanto, nós queremos construir um Plano de Governo de baixo para cima, a partir do nosso militante, de todos os municípios do Brasil, passando pelas direções estaduais do partido, chegando à direção nacional da Fundação e do Partido e buscando o apoio da academia. Sob ponto de vista idealístico, esta é a trajetória correta para a construção de um programa de governo, com total representatividade política.
O papel da FUG, da qual o senhor é presidente, é sistematizar essas informações e sugerir depois esse plano?
Eliseu Padilha: Por decisão da Executiva Nacional e do presidente Michel Temer, a FUG ficou com a responsabilidade de conceber a forma e de fazer a necessária consulta. Nós solicitamos ao líder do Partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves, que indicasse dois deputados e, ao líder Renan Calheiros, no Senado, que indicasse um senador, para constituir uma Comissão para preparar a Consulta. Foram indicados os deputados Colbert Martins (BA) e Lelo Coimbra (ES). No caso do Senado, foi indicado o senador Valter Pereira (MS). Esta comissão junto com cientistas políticos elaboraram um questionário e uma sugestão de todos os passos que devem ser dados para a realização destes congressos. Com esta estratégia queremos chegar ao município, ao companheiro militante. Então, estamos cumprindo a missão que nos foi delegada pelo presidente Michel Temer, com base em idéia que nós concebemos há muito tempo, de que este é papel da Fundação, de elaborar sob o ponto de vista intelectual, a primeira ferramenta para que o Partido possa pensar numa eleição para os cargos executivos. Foi por isso que, já na eleição municipal, elaboramos o Programa Municipalista de Governo, que foi distribuído em todo o Brasil, para todos os municípios, para que os nossos candidatos pudessem ter uma orientação de como construir uma proposta partidária para sua comunidade. Agora, nós queremos repetir. No caso dos estados e do Brasil daremos, naturalmente, outra forma, outra corporificação, porque as demandas serão regionais, estaduais ou nacionais. Sob o ponto de vista partidário, para cumprir a missão que foi delegada a Fundação, nós estamos adotando a estratégia da maior participação. Ao concluir os trabalhos, nós esperamos que o resultado corresponda aos sonhos de todos os peemedebistas.
Esses Congressos Estaduais tem data para acontecer? E o Nacional quando será realizado?
Eliseu Padilha: Sugerimos aos companheiros dos estados, via oficio, que foi firmado por mim e pelo presidente Michel Temer, que durante o mês de abril fossem realizados nos 27 estados os Congressos Estaduais. Para que nós pudéssemos ter, de imediato, o resumo dos congressos estaduais, para depois prepararmos, com as Universidades e com os nossos técnicos da Fundação, o que será a nossa proposta de Plano de Governo para o Brasil, a ser apresentada no Congresso Nacional do Partido. Também, nos estados, as conclusões dos congressos estaduais devem, de imediato, orientar a elaboração do Programa Estadual de Governo. Nós só vamos fixar a data do Congresso Nacional depois de termos essa consolidação. Mas a idéia é de que seja no tempo político hábil. Qual é o tempo político hábil? É no período em que estar-se-ão definindo as candidaturas. O PMDB do Rio Grande do Sul já tomou a iniciativa de lançar a candidatura, à Presidência da República, do ministro Nelson Jobim. Quer dizer o PMDB, ser for o caso, terá um programa e terá candidato. Mas esta questão da candidatura não é o foco da discussão neste momento. O foco da questão neste momento é o Plano de Governo para os estados e um Plano de Governo para o Brasil. Para que, assim, o PMDB possa ter candidatos, ser for o caso, ou possa sentar a mesa de negociação para a construção de uma aliança, para uma composição, em igualdade de condições, porque tem o seu próprio Projeto de Governo.
A base peemedebista está motivada, está querendo participar?
Eliseu Padilha: Através da Fundação, em razão do ensino à distância, com mais de 60.000 alunos em todo o território nacional, nós temos contato diário com os peemedebistas. Temos alunos no Acre, em Roraima, na Bahia, no Rio Grande do Sul, no Rio Grande do Norte, no Amazonas, enfim, nós temos alunos em todo o território nacional. E nas manifestações que colhemos em todos os quadrantes do País, a base do partido obviamente gostaria de ter candidato a prefeito, a governador e a presidente da república. Isto é próprio da militância. Esta é a razão da existência do partido: chegar ao poder. Portanto é mais do que natural que todo militante de base queira sim ter o seu próprio candidato. Ganhar ou não as eleições, é outro problema. Já o dirigente estadual, trabalha com a perspectiva do partido participar do poder. Quando não tem uma candidatura, quando não tem a necessária estrutura política partidária, não tendo a sustentação política necessária para chegar ao poder sozinho, ele avalia a conveniência de coligações. No Plano Nacional tem acontecido isso. Não significa dizer que essa deva ser nossa rotina. Eu penso que muitos fatores, com variáveis ainda indefinidas, poderão influenciar a conveniência e a viabilidade de candidaturas próprias do PMDB, tanto no caso das candidaturas dos estados, como da presidência da república. Vou citar apenas um motivo: até que ponto essa crise internacional, que sacode a economia do mundo, que tem colocado o primeiro mundo de joelhos diante deste Deus chamado “mercado”, vai atingir as condições dos governos estaduais e do federal para lançar e sustentar suas candidaturas? Estas são interrogações cujas respostas serão decisivas para o PMDB ter ou não ter os seus próprios candidatos. Portanto, nós ainda temos tempo para decidir sobre nossas candidaturas. Porém, já não estamos com nenhum tempo de folga para elaborarmos a nossa Proposta, para termos o nosso Programa de Governo. Para ele ser debatido em todos os quadrantes do Brasil. Porque logo depois de ser aprovado no Congresso Nacional, o Plano de Governo do PMDB para o Brasil será enviado a todos os municípios. Nós vamos fazer com que ele chegue a cada peemedebista, a cada diretório municipal, em todos os municípios do Brasil, para ser conhecido, para unificar nosso discurso, para ser debatido com a sociedade, para conquistarmos o apoio necessário para torná-lo realidade. Realidade que poderá ser construída com uma candidatura própria ou a realidade que poderá resultar de um governo fruto de uma elevada e amadurecida aliança com outros partidos.