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Para Lelo, crédito é um dos maiores problemas do setor agrícola na crise
13/05/2009Brasília (13/05/2009) – Em entrevista exclusiva concedida à Agência de Notícias do PMDB e da Fundação Ulysses Guimarães, o deputado federal Lelo Coimbra (ES), fez um balanço dos trabalhos realizados pela Comissão Especial da Crise Financeira para analisar os impactos na agricultura. Segundo ele, os problemas enfrentados pelo setor produtivo são diferentes em cada área, bem como a forma de participação do governo.
GERAÇÃO DE EMPREGO – De acordo com o parlamentar, o setor agrícola é essencial para o desenvolvimento econômico do país, pois é um forte aliado na geração de empregos. Para Lelo, a agricultura valoriza os municípios do interior do Brasil, além de evitar o êxodo rural.
Presidida pelo deputado, a comissão já ouviu diversas associações, representantes do Executivo e dos principais setores econômicos do país. O colegiado deve concluir seu relatório final, no próximo dia 30 de maio, prazo estabelecido pelo presidente da Câmara, deputado Michel Temer (SP), para todas as comissões especiais da crise.
Leia abaixo a íntegra da entrevista.
Após dois meses de funcionamento o que vem sendo feito na Comissão Especial?
Lelo Coimbra – Neste momento, estamos concluindo a fase das audiências públicas com os setores agrícolas. Acredito que nos próximos 20 dias, conforme solicitado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, possamos apresentar o conjunto de sugestões a serem encaminhadas ao governo federal. Esse era o compromisso assumido pela comissão e que iremos manter. Para garantir uma boa conclusão dos trabalhos, estamos convidando alguns setores da sociedade para debater a crise com os parlamentares. É fundamental que o colegiado receba essas contribuições. Os representantes das áreas empresariais e agrícolas do país irão enviar até o fim do mês ao relator, deputado Abelardo Lupino (DEM-PR), as sugestões para os problemas estruturais agravados com a crise. Solicitamos ainda que fossem enviadas separadamente as propostas com medidas para combater a crise e os problemas estruturais, que serão enfrentados em médio e longo prazos.
Quais são os principais problemas apontados pelos setores produtivos?
Lelo Coimbra – O problema central apontado pelos setores agrícolas durante as audiências diz respeito às questões de financiamento e crédito, prejudicados em decorrência da crise imediata. São vários segmentos diferenciados, como o da pecuária, dos grãos, das máquinas, que enfrentam dificuldades enormes. Cada área tem sua crise e dependendo da atividade, o impacto é maior. A participação nos debates tem sido positiva para nós, parlamentares, e para os próprios setores. As pessoas estão animadas pelo fato de terem um espaço para discutirem seus problemas e o Congresso Nacional está oferecendo isso. Algumas audiências foram mais urgentes, como é o caso da produção de carnes, envolvendo a questão dos frigoríficos. Esses debates exigiram medidas mais rápidas junto ao governo e acabaram sendo mais intensos também na expectativa de soluções. Por isso, acabam tendo uma significância maior, sendo audiências com mais expectativas e de respostas rápidas.
Como o Congresso Nacional pode trabalhar junto com Executivo para ajudar a conter a crise, no caso específico a agricultura?
Lelo Coimbra – A primeira coisa a fazer é avaliar qual o nível da crise. Por exemplo, na audiência pública do milho, nós discutimos a questão dos preços. Verificamos se existe uma expectativa na melhoria dos preços em 2009 até o próximo ano, quando chegar a safra do verão, do plantio etc. Pois se isso não ocorrer, a tendência é de diminuição do volume de milho plantado. Mas o governo já está tomando algumas providências. Vou citar mais um exemplo, se pegarmos a área dos veículos agrícolas, dos equipamentos, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) nos mostra que de janeiro de 2008 até agora o governo vem participando com 10% para a compra de equipamentos agrícolas aos municípios, para os produtores rurais. Vem de 10% de janeiro do ano passado a 60% desse ano. A indústria de equipamentos agrícolas está sendo mantida a custo exclusivo do investimento de União, estados e municípios, através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), enquanto isso, o setor agrícola demitia no mesmo período cerca de 100 mil trabalhadores. E qual foi o impacto na opinião pública? Os 100 mil não tiveram nenhum impacto porque o setor não tem tido o mesmo retorno. O governo pode responder à crise com liberação de crédito. Disponibilizar o crédito aos produtores rurais para facilitar o financiamento e diminuir as perdas dos postos de trabalho.
O setor agrícola ainda tem potencial para gerar emprego e renda mesmo na crise?
Lelo Coimbra – A agricultura tem um enorme potencial na geração de postos de trabalho. Seja em empregos diretos com carteiras formais, como também vagas informais. Há um conjunto de medidas estruturantes que precisam ser encontradas. A logística de transportes é uma delas. Pois gera um bom investimento e empregos com maior qualidade, caso tivesse investimento para fortalecer o transporte de maneira interessante e com maior segurança. Em uma das audiências públicas, o ex-ministro Odacir Klein afirmou que uma coisa é a crise da produção e a outra é a crise da distribuição, de fazer chegar ao local do consumo os alimentos. Desse modo, acredito que esse segundo item é uma parte importante da crise, já que se trata de um caráter estrutural, não se restringe a crise financeira específica que atingiu o Brasil. Por isso, vale frisar que o agronegócio tem o poder de gerar empregos, o que é muito importante para a economia, porque tem a oportunidade de emprego, com isenção de êxodo rural. Adotar medidas que mantenham esses empregos deverá conter diversos problemas, como ligações urbano-rurais e a alta expectativa quanto ao trabalho nas próximas safras. Uma série de ações assim fortaleceriam a confiança e o trabalho rural.
Assim como o Espírito Santo, quais outros estados estão sendo afetados com a crise?
Lelo Coimbra – Do ponto de vista da produção agrícola em geral é o Brasil Central e a parte do sul do país, que produzem principalmente os insumos alimentares, carnes e grãos. Outros estados contribuem também, mas em menor escala. Mas o pior está no eixo na região central brasileira. Por isso, que grande parte da bancada, em especial a bancada ruralista, está envolvida diretamente com a representação neste segmento, e ela está mais presente nessa área composta por Goiás, Mato Grosso e Paraná. Esses são os estados mais afetados porque é dali que sai a produção. Então, a crise agrava aqueles prob
lemas estruturais, que se chama crédito que é o dinheiro circulante com liquidez para poder fazer com que o reinvestimento garanta a produção.
O senhor tem conversado com membros do partido sobre o assunto?
Lelo Coimbra – Sim e todas as contribuições são bem vindas, na medida em que alguém se apresenta com interesse ou tenha experiência a acrescentar.
E quais serão os próximos passos da comissão?
Lelo Coimbra – Ao final dos trabalhos, serão reunidos os cinco presidentes das Comissões Especiais de emergência da crise para conversarmos com o presidente da Casa, Michel Temer. Os trabalhos serão concluídos até o dia 30 de maior com sugestões de medidas preparadas pelo relator para a votação do colegiado e eventual apresentação ao presidente. O documento deverá envolver a agricultura, as necessidades de intervenção e o aceleramento de alguns itens presentes na comissão que possam ajudar ou amenizar esse momento da crise em relação à produção agrícola. E, no nosso caso, são decisões futuras que envolvem o plantio, geração de empregos, fatores que possam dar segurança ao futuro. Queremos também responder algumas coisas do presente, ao problema agudo da crise.