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POA/RS: cultura em debate

09/06/2013

“O Brasil é o penúltimo país da América Latina em qualidade na educação. Não há conhecimento sem cultura e se não evoluirmos nesse sentido, cairemos cada vez mais no ranking da educação”, falou o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Eliseu Padilha na abertura do seminário O PMDB e a Cultura: a cultura como exercício da cidadania, ocorrido no dia 8, no diretório metropolitano do PMDB.

Padilha ainda ressaltou que não adianta a preocupação com o PIB, se não houver uma evolução do IDH, e que a Fundação apoiou esse ciclo de debates como estímulo para que se discuta a produção intelectual.

O seminário é uma promoção da coordenação de cultura do Núcleo Comunitário do diretório municipal, com o apoio da Fundação Ulysses Guimarães, que objetiva descentralizar os debates a cerca da temática, a fim de construir uma política cultural que se encaixe dentro do sistema nacional de cultura, além de abrir espaço para que a discussão seja ampliada para todos os municípios do Estado.

Um time de peso foi organizado para a abertura desse ciclo de discussões: Antonio Hohlfeldt, José Fogaça, Esdras Rubim, Ronald Radde, Deodoro Gomes, Victor Hugo e Adrian Dario Pajolchek falaram sobre a evolução e o panorama do espaço da cultura, no ponto de vista institucional. Temática desmembrada em: ditadura e censura; Governo do PMDB/Sarney – criação do Ministério da Cultura; RS: movimento de democratização da cultura; e, Porto Alegre: a antiga divisão da cultura.

Antonio Hohlfeldt abriu os trabalhos, retomando o contexto da ditadura. “Quando acaba a ditadura há uma ansiedade sobre o que se havia escondido”, resume. E, juntamente com Laura Lautert, gestora cultural, auxiliou no entendimento dos presentes sobre a secretaria municipal de Cultura, o plano municipal de Cultura e a estrutura e as possibilidades de financiamento com o Ministério da Cultura, Governo do Estado e âmbito municipal.

“É preciso pensar a cultura como política pública. Precisamos definir o papel que nos cabe e avaliar como o PMDB pode contribuir para a construção de relações libertárias, para que a cultura se torne mais livre e mais autêntica. Este é o papel de um partido político”, destacou José Fogaça.

O ex-prefeito lembrou que durante a ditadura militar a arte precisava estar a serviço da transformação política. “A arte não tem que estar necessariamente a serviço de uma ideologia, a arte precisa ser produto dos sentimentos mais autênticos. A arte de criar representa um processo de libertação”, disse.

Com relação a proposta do ciclo de debates, Fogaça acredita ser um ato de confiança, uma demonstração de crédito à cultura. “A cultura é a manifestação de um povo em muitos campos. Não só na criação artística, mas, na lei, na moral, nos hábitos, nas nossas habilidades de sobrevivência, de luta. É o que nos faz ser o que somos, o que nos identifica, o que nos caracteriza. A nós, como partido político, nos interessa pensar a cultura não só no ponto de vista acadêmico, mas nas vistas das políticas públicas para nosso povo, nossa comunidade. É isso que esse seminário visa construir, a forma que vamos tratar a questão da cultura, a partir de uma visão dos interesses da comunidade”, concluiu.

O presidente do núcleo Comunitário do diretório Municipal, Roger Machado, declarou sobre a importância da cultura ser uma bandeira do núcleo. “Não há como interagir com as comunidades sem falar em cultura. Este debate dará uma grande contribuição para que o PMDB possa construir e afinar o diálogo com as comunidades”, completou.

Victor Hugo abordou a questão da intolerância. “O que é preocupante é que aqui fizemos o relato de censura de Estado, mas e a censura da intolerância? Censura da classificação do que é arte e do que não? Preocupa-me o etiquetamento. Isso é preocupante em tempos de democracia e pós-modernidade. O PMDB precisa afirmar suas posições e não conviver com nenhum grau de intolerância”, alertou. Na pauta das políticas públicas, ele sintetizou: “O PMDB tem que ter duas vertentes, para o fazedor de cultura e para o consumidor de cultura”.

Adrian lembrou que em um mês inicia-se a pré-conferência municipal de cultura (dias 6 e 7), e no dia 13 a conferência. “Cada núcleo deve empoderar-se das informações aqui recebidas para que na pré-conferência possamos enquadrá-las no que queremos”, disse.

Ronald Radde, relembrando o período ditatorial, falou que com a própria caneta teve de cortar seus textos em frente ao censor. “E, hoje, há um vazio na cultura estadual e federal, 350 reuniões para descobrir o que é a cultura e não se discute um projeto. Estamos olhando a vida passar. Deixo dito que a minha experiência na arte e na militância me trouxe aqui hoje humildemente pra lembrar a todos que devemos ficar de olhos abertos”, destacou.

Esdras Rubim ilustrou a evolução da cultura desde um período em que “a programação do Festival de Cinema era feita em 3 vias, assinada por todos e passada pela avaliação de um censor”.

Isabela Fogaça falou da experiência como primeira-dama e que devemos ter um olhar mais cuidadoso com a arte local, com os acontecimentos locais, prestar atenção no que Porto Alegre oferece e a própria cidade não sabe, e o que poderia oferecer.

O vice-prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, prestigiou o encontro, deixando sua colaboração com a temática.

Ao final, foi aprovada uma moção para a continuidade do Plano Municipal de Cultura a fim de que Porto Alegre se integre no Sistema Nacional de Cultura.

Participaram do seminário também, o presidente do diretório municipal, vereador Valter Nagelstein, o presidente do Núcleo Comunitário do PMDB Estadual, Carlos Baltazar, coordenadores de núcleos e militantes do partido. O evento foi registrado e será divulgado através do canal da Fundação Ulysses Guimarães (youtube.com/FundUlysses).