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Artigo: Eles cansaram…
21/06/2013Resolvi correr os dedos pelo papel, tanto quanto as redes sociais correram o país. Foi como fogo de rastilho. Acontece que eles cansaram. Eu sei que houve baderna, que houve dano ao patrimônio, que houve excessos, que houve abuso, que a população que assistiu a tudo ficou chocada, eu sei.
Acontece que eles cansaram. A pouco mais de 30 dias meia dúzia de trabalhadores, insatisfeitos com um problema solúvel, se instalaram no portão da indústria naval em Rio Grande. Em questão de meia hora eram mais de 3 mil operários paralisando o trabalho, a maioria nem sabia por que. Acontece que eles cansaram.
Mais ou menos no mesmo espaço de tempo um aeroporto do País quase colapsou por que duas ou três pessoas que tiveram seus vôos suspensos não estavam conseguindo embarcar em outro. A gritaria no balcão foi tanta que em minutos centenas de pessoas também se puseram a gritar, solidarizando-se não sabiam bem com que. Acontece que eles cansaram. Acontece que as pessoas não tem mais a quem recorrer.
Os serviços públicos não respondem aos anseios da população, os servidores públicos estão despreparados. Esta maquininha chamada computador desestimula o pensar, o tomar decisões. A classe política tem sido vista muito mais pela ótica de uma minoria desqualificada que, lamentavelmente, consegue ser superior a maioria qualificada. Eles não sabem mais quem é quem.
Os governos não precisam da minha avaliação, é a mesma de quem me lê. Eles também não sabem mais quem é quem. As lideranças desapareceram. Os organismos de segurança não tem coordenação, a polícia está despreparada, não tem comando e não sabe diferenciar uma ocorrência de outra, uma contravenção de um crime, muito menos administrá-las. Acontece que eles cansaram. Não podia ser diferente, como não foi diferente em inúmeros episódios na história da humanidade quando as massas se revoltaram. As redes sociais só apressaram as coisas. As análises estão aí: sociológicas, psicológicas, econômicas, sociais, enfim. Acontece que eles, em diversos momentos nos últimos tempos, aqui, ali, na Europa, na America, na …foram buscar o apoio nas Instituições e elas não estavam lá.
Eles, a maioria, não tem serviços, não tem infra estrutura, não tem saúde, não tem educação, não tem segurança, não tem transporte, não tem. Nós, a minoria, ficamos assistindo a tudo das nossas casas, dos nossos notebooks, dos nossos ipads. Eles, nem maioria, nem minoria, foram prá rua dizer, do jeito deles, que cansaram. Acontece que nós todos estamos cansados.
Eduardo Battaglia Krause
Advogado e Diretor-Presidente da Fundação Ulysses Guimarães – Filial RS