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Renato Meirelles faz um balanço das mudanças políticas que tem acontecido no país

02/07/2013

Brasília (DF) – O Comunicólogo, pesquisador e sócio do Instituto Data Popular, Renato Meirelles, o último palestrante do Seminário “Para onde a cidadania quer levar o Brasil?”, fez uma apresentação resumida do que tem acontecido no país com as mudanças políticas, em especial as diagnosticadas pelas pesquisas desenvolvidas pelo DataPopular, e também pelo DataFolha e pelo Ibope.

“O Brasil deixou de ser um país com estrutura de pirâmide social, com a maior parcela da população concentrada na base da pirâmide e se tornou um país com uma estrutura de losângulo social com mais gente formando o que convencionou chamar de classe média brasileira”, afirmou.

Renato afirmou que a classe média foi a grande responsável por essa mudança, em especial quando se olha o mapa eleitoral na primeira eleição do presidente Lula, em que eram minoria. Se transformaram em maioria e passaram a demandar novas políticas. “O que levou tudo isso a acontecer foi o emprego formal. E eu queria atenção para esse ponto, porque o emprego formal muda a relação de poder desses brasileiros com o Estado”, disse.

Segundo o palestrante, com o emprego formal as pessoas passam a recolher impostos na fonte, mas elas também passam a ter um conjunto de benefícios e precisam pagar por eles. “Na verdade, o que acontece é que o cidadão deixa de entender que qualquer serviço público do Estado é um favor do Estado e passa a entender que esses serviços públicos são uma contrapartida do Estado ao imposto que ela paga. E é com rigor que ele exige um serviço público de qualidade. Então, o aumento no emprego formal ao mesmo tempo que significa um grande impulso na economia brasileira, ao mesmo tempo em que implica no aumento efetivo do rendimento dos brasileiros faz com que eles exijam cada vez mais a contrapartida do imposto que paga”, ressaltou.

Para ele, duas mudanças importantes aconteceram no Brasil nos últimos tempos: a redução da pobreza, que levou ao surgimento da classe média. “Porque o Brasil é um país que cresce debaixo para cima”, disse. E, a segunda, é o surgimento de uma nova classe A e B no Brasil, uma nova classe alta, que se deu através do empreendedorismo e do conjunto de pessoas que saíram da classe C e foram para a classe média. “Essa mudança na pirâmide gerou dois fenômenos que vão levar ao conjunto grande de insatisfação com relação aos serviços públicos”, observou.

De acordo com Renato Meirelles, hoje, o Brasil tem 20% de classe alta, 52% de classe média e 28% de classe baixa. E, se analisar a pesquisa do Ibope que aponta o perfil dos manifestantes que saíram as ruas em todo o Brasil, veremos que 45% tem menos de cinco salários mínimos e 49% recebe mais do que cinco salários mínimos de renda familiar. “Não dá para achar que é o movimento da elite, que é o movimento apenas da classe A e B. Isso também é voz das ruas, isso também é a voz da internet”.

Renato Meirelles chamou atenção para o fato de que 70% da classe média acha que o estado deve ser o responsável pelo custeio da educação e 75% acredita que o estado deve ser responsável pelo custeio da saúde. “Quando a gente pergunta sobre quem deve pagar a redução dos custos dos transportes públicos, pela pesquisa Ibope, 46% diz que é o governo, depois 29% os empresários e 21% os dois. Ou seja, você tem ao mesmo tempo uma critica ao estado, uma vontade de que o estado assuma financeiramente isso”.

Para concluir, ele disse que a ideia era mostrar que algo muito diferente está acontecendo no Brasil e que, definitivamente, “nós temos novos protagonistas, a classe C ou a classe média entrou fortemente na questão da política. Nós temos os jovens de periferia começando a manifestar uma certa insatisfação, a internet é um novo agente que está sendo estudado e a reflexão que fica para o debate é como lidar com a internet, como lidar com esses novos protagonistas e se é verdade o que nos trouxe até aqui por si só vai ser capaz de nos levar adiante”.

Disponibilizamos o arquivo completo da palestra neste link:

Íntegra da Palestra de Renato Meirelles