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A formação política percorre o interior de Roraima

21/07/2016

Já imaginou viajar por mais de oito horas para chegar ao local de
trabalho? Já imaginou que durante esse longo período, tivesse ainda que
enfrentar estradas de chão batido? E se tivesse que pegar um barco para chegar
a uma comunidade ribeirinha ou indígena?

Sim, esse tem sido o cotidiano do Programa de Formação Política em
Roraima, na região Norte do Brasil. 

“A maior adversidade do dia a dia é o acesso às localidades. Primeiro
pelas distâncias, horas de viagem para chegar às sedes dos municípios. Entretanto,
o maior desafio é a realização das aulas nas vilas ou comunidades, já que a
maior parte são estradas de barro, correndo o risco do carro não sair dos
atoleiros. Além das estradas, tem a questão energética. Já lançamos o curso sem
energia, e durante as aulas paramos várias vezes pela falta de luz. Em alguns
municípios, nas vilas, só poderemos viajar após o inverno, porque há riscos de
cortar as estradas e pontes quebradas. Porém, dentre todos os desafios, as
viagens de barcos são as mais emocionantes, sem falar das comunidades em que o acesso
é somente de avião, onde ainda não realizamos”, destaca a presidente da filial
no estado, Cristina Leite.

 As viagens de barco 

Uma imersão no coração do Brasil: assim são as viagens de barco
realizadas pela equipe da FUG/RR, que duram, aproximadamente, oito horas,
utilizando uma lancha rápida. “É uma sensação indescritível. Todos os
sentimentos são misturados ao mesmo tempo: o medo, a coragem, o cansaço, a
beleza da natureza, a esperança, a reflexão, as dúvidas e questionamentos, mas
a sensação maior é de privilégio, de benção, de honradez, porque são raras as
pessoas que têm essa oportunidade de, além de ter a condição de levar conhecimento,
alegria, ainda poder visualizar e sentir a força da natureza, já que dias atrás
os rios estavam secos, as florestas em brasas, queimando, e agora vivenciamos a
reconstrução, onde o cheiro da floresta é de vida. E percebemos que na natureza
não há preconceito, onde o Rio Negro se mistura com o Rio Branco, onde não
conseguimos diferenciar onde é Roraima, Amazonas e Pará, porque no final somos
um só”, revela a presidente. 

Os alunos 

Desde o mais jovem até o mais idoso. Desde o ensino fundamental até a
graduação. A diversidade é a marca principal dos alunos que cursam as
atividades do Programa de Formação Política. “Em Boa Vista, por exemplo,
atuamos em bairros mais distantes e alcançamos alunos do ensino médio, técnico
e graduação, na faixa dos 18 aos 45 anos. No interior, já chegamos a estudantes
do ensino fundamental, professores, técnicos em enfermagem e do setor
administrativo. É uma verdadeira mistura entre as gerações X, Y e Z.  

Relato que emociona 

O que dá mais ânimo para seguir transformando vidas e realidade?

O retorno e o carinho das pessoas. “Ficamos emocionados em quase todas
as andanças, mas nada se compara ao relato de um aluno de Santa Maria do
Boaiçu, no Baixo Rio Branco, município de Rorainópolis. Ele nos agradeceu e
disse que tinha mais de dez anos que não havia curso naquela vila, e ali
refletimos o quanto as políticas públicas são ausentes, e são muitos Brasis dentro
de um Brasil”, confidencia. 

Os cursos 

A procura tem sido intensa pelos cursos de Dicção e Oratória, Saber para
Vencer e Agentes de Cidadania Comunitária. Na capital, a formação de Dicção é
uma das mais procuradas. E os encontros têm senha. Isso mesmo! Ao chegarem para
a aula inaugural, cada um dos estudantes recebe uma senha. Ela faz parte de uma
dinâmica que acontece ao logo da capacitação. “No início, gera um grande
burburinho na turma. Aos poucos, vamos sorteando os números e convidando os
alunos para participarem de alguma atividade, como improvisar um discurso de
boas-vindas, de reconhecimento, festivo. Isso gera uma atenção maior durante as
aulas, deixando o ambiente mais divertido”, enfatiza.

Ainda durante os momentos pedagógicos, os cursistas são divididos em
grupos, realizando as dinâmicas de como abrir os trabalhos em uma reunião,
elaborar um discurso de inauguração, eleitoral, entrevistas para rádio, jornal
e internet.  

De acordo com o diretor Nacional da Fundação Ulysses
Guimarães, senador Romero Jucá, as formações são o alicerce da FUG: “As
capacitações motivam o que consideramos de importante na Fundação Ulysses
Guimarães, que é a construção da base política e de um futuro melhor. Quando a
política é boa, muda para melhor a vida das pessoas”. 

Para o aluno de Cantá, Ildes José da Silva Filho, os cursos
são grandes oportunidades de crescimento pessoal e profissional. “Estamos
muitos felizes com a vinda destes cursos e tenho certeza que vamos aproveitar o
máximo, porque é somente com educação e informação que podemos melhorar nossa
vida e de toda a comunidade”, comemora Ildes. 

Atenção para os indígenas

Para o segundo semestre deste ano, estão sendo organizadas diversas
atividades junto às comunidades indígenas. “Estamos aguardando a passagem do
inverno e, consequentemente, do período de chuvas para iniciarmos a programação.
Já temos agenda nos municípios de Boa Vista, Bonfim, Uiramutã e Amajarí. Em
2008, concluímos a primeira turma de formação política em Pacaraima, na boca da
mata. Foi uma experiência excepcional. É uma soma de conhecimento, onde levamos
e trazemos conhecimento”, conta Cristina. 

Metas 

Chegar aos 1 mil alunos certificados: essa é uma das metas da filial até
o fim do ano. Segundo a presidente, o número é um desafio para a equipe: “Temos
somente 15 municípios, com contexto político adverso, sendo que no contexto
atual, a maior dificuldade das pessoas é de acreditar, de sensibilizar, de
mobilizar. O objetivo é chegar a todos os municípios, porém as vilas e
comunidades têm prioridade. Atualmente, já temos 739 formados, já entregamos
300 certificados em Boa Vista, e no fim do mês de junho iremos entregar os
demais”. 

O plano de trabalho 

A filial trabalha com um planejamento mensal de atividades. Para isso, a
equipe reúne-se a cada 15 dias com o presidente do PMDB Regional e demais
parceiros, a fim de definir agenda e otimizar recursos, na busca por melhores
resultados das ações. Conforme Cristina, os roteiros são definidos em conjunto
com parceiros das sedes, vilas, ou comunidades ribeirinhas e indígenas. A
quantidade de horas depende da distância de cada município. Nesse contexto, as
igrejas estão sendo grandes parcerias, auxiliando na mobilização e
disponibilizando espaços para a realização das aulas: “As nossas atividades
operacionais em 2016 iniciaram em janeiro, com o lançamento dos cursos de
Dicção e Oratória e Saber para Vencer, em Boa Vista. A partir daí, assumimos o
compromisso e o desafio de levar conhecimento a todos os roraimenses que desejem
esse aprendizado, independentemente da questão partidária. Além da capital, já
passamos pelos municípios de Bonfim, Caroebe, São João da Baliza, Rorainópolis,
Alto Alegre, Cantá e Iracema”. 

A motivação

Inspirações não faltam para compartilhar conhecimento em Roraima:
superam empecilhos, rompem barreiras. “Acreditarmos que podemos e queremos
mais, que Roraima está no meio do mundo, e temos inúmeras oportunidades, e
sabemos que somente o caminho do conhecimento e da educação nos mostrará novas possibilidades que superem as adversidades impostas pelo isolamento geográfico. As
inspirações da nossa equipe estão alicerçadas na luta de um homem, não filho de
Roraima, mais adotado por ela, que nunca desistiu frente as suas perdas, e que
é humilde nas suas vitórias, que sempre acreditou no impossível, que eleva a
nossa condição de profissionais e de ser humano, a nossa inspiração é o senador
Romero Jucá, que acredita e que apoia a equipe em todas as ações, ele faz parte
delas”, fala de forma emocionada Cristina.