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Formação em Roraima: uma imersão no coração do Brasil
09/09/2016Já imaginou viajar por mais de oito horas para chegar ao local de trabalho? Já imaginou que durante esse longo período, tivesse ainda que enfrentar estradas de chão batido? E se tivesse que pegar um barco para chegar a uma comunidade ribeirinha ou indígena?
Sim, esse tem sido o cotidiano do Programa de Formação Política em Roraima, na região Norte do Brasil.
“A maior adversidade do dia a dia é o acesso às localidades. Primeiro pelas distâncias, horas de viagem para chegar às sedes dos municípios. Entretanto, o maior desafio é a realização das aulas nas vilas ou comunidades, já que a maior parte são estradas de barro, correndo o risco do carro não sair dos atoleiros. Além das estradas, tem a questão energética. Já lançamos o curso sem energia, e durante as aulas paramos várias vezes pela falta de luz. Em alguns municípios, nas vilas, só poderemos viajar após o inverno, porque há riscos de cortar as estradas e pontes quebradas. Porém, dentre todos os desafios, as viagens de barcos são as mais emocionantes, sem falar das comunidades em que o acesso é somente de avião, onde ainda não realizamos”, destaca a presidente da filial no estado, Cristina Leite.
As viagens de barco
Uma imersão no coração do Brasil: assim são as viagens de barco realizadas pela equipe da FUG/RR, que duram, aproximadamente, oito horas, utilizando uma lancha rápida. “É uma sensação indescritível. Todos os sentimentos são misturados ao mesmo tempo: o medo, a coragem, o cansaço, a beleza da natureza, a esperança, a reflexão, as dúvidas e questionamentos, mas a sensação maior é de privilégio, de benção, de honradez, porque são raras as pessoas que têm essa oportunidade de, além de ter a condição de levar conhecimento, alegria, ainda poder visualizar e sentir a força da natureza, já que dias atrás os rios estavam secos, as florestas em brasas, queimando, e agora vivenciamos a reconstrução, onde o cheiro da floresta é de vida. E percebemos que na natureza não há preconceito, onde o Rio Negro se mistura com o Rio Branco, onde não conseguimos diferenciar onde é Roraima, Amazonas e Pará, porque no final somos um só”, revela a presidente.
Os alunos
Desde o mais jovem até o mais idoso. Desde o ensino fundamental até a graduação. A diversidade é a marca principal dos alunos que cursam as atividades do Programa de Formação Política. “Em Boa Vista, por exemplo, atuamos em bairros mais distantes e alcançamos alunos do ensino médio, técnico e graduação, na faixa dos 18 aos 45 anos. No interior, já chegamos a estudantes do ensino fundamental, professores, técnicos em enfermagem e do setor administrativo. É uma verdadeira mistura entre as gerações X, Y e Z.
Relato que emociona
O que dá mais ânimo para seguir transformando vidas e realidade?
O retorno e o carinho das pessoas. “Ficamos emocionados em quase todas as andanças, mas nada se compara ao relato de um aluno de Santa Maria do Boaiçu, no Baixo Rio Branco, município de Rorainópolis. Ele nos agradeceu e disse que tinha mais de dez anos que não havia curso naquela vila, e ali refletimos o quanto as políticas públicas são ausentes, e são muitos Brasis dentro de um Brasil”, confidencia.
Os cursos
A procura tem sido intensa pelos cursos de Dicção e Oratória, Saber para Vencer e Agentes de Cidadania Comunitária. Na capital, a formação de Dicção é uma das mais procuradas. E os encontros têm senha. Isso mesmo! Ao chegarem para a aula inaugural, cada um dos estudantes recebe uma senha. Ela faz parte de uma dinâmica que acontece ao logo da capacitação. “No início, gera um grande burburinho na turma. Aos poucos, vamos sorteando os números e convidando os alunos para participarem de alguma atividade, como improvisar um discurso de boas-vindas, de reconhecimento, festivo. Isso gera uma atenção maior durante as aulas, deixando o ambiente mais divertido”, enfatiza.
Ainda durante os momentos pedagógicos, os cursistas são divididos em grupos, realizando as dinâmicas de como abrir os trabalhos em uma reunião, elaborar um discurso de inauguração, eleitoral, entrevistas para rádio, jornal e internet.
De acordo com o diretor Nacional da Fundação Ulysses Guimarães, senador Romero Jucá, as formações são o alicerce da FUG: “As capacitações motivam o que consideramos de importante na Fundação Ulysses Guimarães, que é a construção da base política e de um futuro melhor. Quando a política é boa, muda para melhor a vida das pessoas”.
Para o aluno de Cantá, Ildes José da Silva Filho, os cursos são grandes oportunidades de crescimento pessoal e profissional. “Estamos muitos felizes com a vinda destes cursos e tenho certeza que vamos aproveitar o máximo, porque é somente com educação e informação que podemos melhorar nossa vida e de toda a comunidade”, comemora Ildes.
Atenção para os indígenas
Para o segundo semestre deste ano, estão sendo organizadas diversas atividades junto às comunidades indígenas. “Estamos aguardando a passagem do inverno e, consequentemente, do período de chuvas para iniciarmos a programação. Já temos agenda nos municípios de Boa Vista, Bonfim, Uiramutã e Amajarí. Em 2008, concluímos a primeira turma de formação política em Pacaraima, na boca da mata. Foi uma experiência excepcional. É uma soma de conhecimento, onde levamos e trazemos conhecimento”, conta Cristina.
Metas
Chegar aos 1 mil alunos certificados: essa é uma das metas da filial até o fim do ano. Segundo a presidente, o número é um desafio para a equipe: “Temos somente 15 municípios, com contexto político adverso, sendo que no contexto atual, a maior dificuldade das pessoas é de acreditar, de sensibilizar, de mobilizar. O objetivo é chegar a todos os municípios, porém as vilas e comunidades têm prioridade. Atualmente, já temos 739 formados, já entregamos 300 certificados em Boa Vista, e no fim do mês de junho iremos entregar os demais”.
O plano de trabalho
A filial trabalha com um planejamento mensal de atividades. Para isso, a equipe reúne-se a cada 15 dias com o presidente do PMDB Regional e demais parceiros, a fim de definir agenda e otimizar recursos, na busca por melhores resultados das ações. Conforme Cristina, os roteiros são definidos em conjunto com parceiros das sedes, vilas, ou comunidades ribeirinhas e indígenas. A quantidade de horas depende da distância de cada município. Nesse contexto, as igrejas estão sendo grandes parcerias, auxiliando na mobilização e disponibilizando espaços para a realização das aulas: “As nossas atividades operacionais em 2016 iniciaram em janeiro, com o lançamento dos cursos de Dicção e Oratória e Saber para Vencer, em Boa Vista. A partir daí, assumimos o compromisso e o desafio de levar conhecimento a todos os roraimenses que desejem esse aprendizado, independentemente da questão partidária. Além da capital, já passamos pelos municípios de Bonfim, Caroebe, São João da Baliza, Rorainópolis, Alto Alegre, Cantá e Iracema”.
A motivação
Inspirações não faltam para compartilhar conhecimento em Roraima: superam empecilhos, rompem barreiras. “Acreditarmos que podemos e queremos mais, que Roraima está no meio do mundo, e temos inúmeras oportunidades, e sabemos que somente o caminho do conhecimento e da educação nos mostrará novas possibilidades que superem as adversidades impostas pelo isolamento geográfico. As inspirações da nossa equipe estão alicerçadas na luta de um homem, não filho de Roraima, mais adotado por ela, que nunca desistiu frente as suas perdas, e que é humilde nas suas vitórias, que sempre acreditou no impossível, que eleva a nossa condição de profissionais e de ser humano, a nossa inspiração é o senador Romero Ju
cá, que acredita e que apoia a equipe em todas as ações, ele faz parte delas”, fala de forma emocionada Cristina.