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ARTIGO: Educação pública e igualdade de oportunidade
18/06/2021* Denis Rosenfield
A Fundação Ulysses Guimarães, na pessoa de seu presidente, deputado Alceu Moreira, deu início a uma série de debates em seu projeto “Brasil precisa pensar o Brasil”, convidando a especialista em educação Priscila Cruz. Já a escolha da educação como tema mostra a sua prioridade, baseada na constatação de que um país socialmente desigual não sairá de sua condição se não oferecer às suas crianças e aos seus jovens uma educação de qualidade. Um mundo em rápida evolução científica e tecnológica exige, por assim dizer, que os Estados ajam em busca deste novo patamar de conhecimento.
O ponto alto da exposição da professora Priscila Cruz, realçado por seus diferentes comentadores, foi o da igualdade de oportunidades. Trata-se de um pilar de toda sociedade democrática. As sociedades europeias, podendo-se aqui destacar a França, apostaram na educação pública, aquela que pode equalizar ricos e pobres, filhos de uns e outros, sem nenhuma distinção social.
Considere-se que a participação do ensino público no país é de 85% para que possamos melhor avaliar a sua importância para a educação nacional. E ele enfrenta problemas graves, desde a capacitação dos professores, até meios tecnológicos, ainda mais importantes em tempos de pandemia, passando por discussões sérias de Base Curricular e de prioridades.
Acrescentaria que de nada vale para a formação da pessoa, senão para sua “deformação”, elementos ideológicos, seja de esquerda, seja de extrema-direita. Não se pode reproduzir na educação a disputa nacional entre petistas e bolsonaristas. Um país imerso neste tipo de disputa inviabiliza o seu futuro.
A expositora teve, ademais, o raro mérito de destacar que não se trata de buscar alhures soluções quando temos alternativas aqui existentes. Primeiro, obra dos governos anteriores, temos uma importância base de dados, propiciada pelo atual Sistema de Avaliação em suas diferentes modalidades e instrumentos. Segundo, os estados do Ceará e Pernambuco têm experiências exitosas que poderiam ser reproduzidas por todo o país. Pode-se, evidentemente, recorrer a experiências de sucesso em outros países, mas o efeito imitação não será bem sucedido se não soubermos atentar para as nossas particularidades, algo feito por estes dois estados.
Para isto, seria fundamental um trabalho de coordenação do MEC, oferecendo apoios financeiro e técnico, equalizando oportunidades entre os distintos estados e municípios, e contribuindo decisivamente para a redução das desigualdade sociais, colocando o país em diapasão com o progresso dos países mais avançados. Urge que se pense alternativas para um próximo governo de Centro, questão essa que a Fundação Ulysses Guimarães decidiu enfrentar.
*Filósofo e professor
Você pode acessar o vídeo da palestra em: https://youtu.be/vLnh2g7HvZ0
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