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Fernando Schüler: a guerra cultural leva a política para o campo da incomunicabilidade
31/07/2021Na segunda-feira (26) a Fundação Ulysses Guimarães e o MDB receberam para o debate “Uma análise dos impasses da democracia”, o doutor em Filosofia, professor Fernando Schüler. A discussão faz parte do projeto “O Brasil precisa pensar o Brasil”, que tem a intenção de levar aos militantes um debate qualificado sobre as agendas mais urgentes que inquietam o país.
“Sobre o que estamos vivendo na democracia contemporânea, na verdade, ninguém tem uma explicação ou uma grande solução. Esse não é um fenômeno que acontece apenas no Brasil. O Brasil é apenas um microcosmo dentro da instabilidade global da democracia” afirmou o professor ao iniciar sua apresentação intitulada como Mal-estar da democracia atual.
De acordo com os estudos, Schüler disse que “nós não estamos vivendo uma crise, mas um mal-estar. Porque o que existe, hoje, é a reacomodação da democracia ao impacto da revolução tecnológica”. Para ele, a sociedade está preparada para as reuniões em comunidades, reuniões presenciais, apresentações políticas, uma outra concepção da democracia, que hoje está impactada pela tecnologia e a internet.
O filósofo traça uma linha histórica ao observar que nos anos 90 o mundo viveu una euforia da democracia, incluindo também o Brasil. Uma combinação entre a economia de mercado, a política baseada no estado de direito, sociedade de direitos e a democracia condicional. Momento vivido até a crise econômica de 2008, onde as percepções sobre a democracia foram mudadas.
Entre os anos de 2007 a 2017, os estudos apontam que mais países pioraram a sua percepção quanto a qualidade da democracia do que melhoraram. Então, passaram a ter um problema: a crise da democracia. “Você começa a perceber que a democracia não cai mais por golpes, ou tanques militares nas ruas, mas cai por um monte de jeitos”, disse.
Ele analisou que o mundo está vivendo muito mais uma crise de crescimento, de exuberância da democracia e, obviamente de barulho da estabilidade, do que propriamente uma crise. “Se eu tenho milhões de pessoas participando dos movimentos, novos movimentos sociais surgindo, milhões de redes, eu tenho um aumento nos níveis de participação política. Por que a democracia estaria em crise?”, questionou.
E ao responder ele afirmou que é preciso reacomodar as instituições, porque os cidadãos de hoje tem mais poder, tem mais acesso a informação. “As instituições de mediação perderam o poder, pois os indivíduos ganharam mais poder. Só observar as igrejas, os partidos políticos”.
Fernando Schüler apontou ainda alguns fenômenos da democracia que são: a lógica das guerras culturais; a onda conservadora; o problema da empatia; a máquina do não esquecimento; a imediaticidade; a informação irrelevante; e a hiperrealidade.
Ele também elencou os três tipos de eleitores: os hobbits/alienados; os vulcans/ bem informados mas não passionais; e os hooligans/conhecidos como fanático partidário.
Ao finalizar, Fernando Schüler disse que essa instabilidade política veio para ficar e não irá parar. “As pessoas, a internet, irão continuar o mesmo processo. A esperança é que os políticos não façam mais e não provoquem a instabilidade. Nessa política altamente polarizada, os políticos de centro devem buscar a prudência, com relações mais cuidadosas”.
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Thatiana Souza
Assessoria de Comunicação Social – FUG nacional