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ARTIGO: Que a verdade acorde todos

14/09/2021

* MOREIRA FRANCO

Uma nação precisa de equilíbrio para se desenvolver e superar todos os seus desafios, para crescer e garantir a dignidade pessoal dada pelo emprego, renda e igualdade de oportunidades. A agitação vivenciada nesses tempos não espelha a nossa índole pacífica e sempre esperançosa, mesmo ante a tantas dificuldades. Esses sobressaltos são fruto de um bombardeio de fake news com o intuito de gerar pânico em tom beligerante e antidemocrático.

A hora é de acalmar os ânimos com uma injeção de verdade e responsabilidade. Voltar o foco para o Brasil real, onde as pessoas aguardam ansiosas soluções para conter a alta inflação, que já tira comida da mesa dos mais necessitados. É preciso fazer um esforço e trabalhar com urgência para ativar a economia com novos investimentos, gerar empregos e renda. Esse cenário exige o fim dos ataques às nossas instituições e à nossa democracia.

A credibilidade do país funciona como ímã para investidores e somente com pacificação poderemos recobrá-la. Os políticos fiéis à Constituição — votada e aprovada por maioria parlamentar — têm o dever de aterrissar a crise criada sob discursos de intolerância.

Em defesa da bandeira democrática — em que desiguais respeitosamente conversam e buscam consensos nas maiorias —, quatro partidos (MDB, PSDB, DEM e Cidadania) aliaram-se para a prática do que, lamentavelmente, caiu em desuso: dialogar. Organizaram um seminário com temas de interesse real da população e, na abertura, três ex-presidentes da República, Michel Temer, Fernando Henrique Cardoso e José Sarney, vão expor suas concepções para a construção de Um Novo Rumo para o Brasil — título do evento virtual (como recomenda a pandemia), entre 15 e 27 de setembro.

Mais especialistas em política e economia estarão nas mesas seguintes às dos ex-presidentes, debatendo o papel das instituições democráticas, desigualdade social, propostas para recuperação da economia, globalização, diversidade e mais temas que importam para os cidadãos.

O desejo é contribuir com um conjunto de iniciativas de políticas públicas que possam promover a recuperação econômica e estimular a recuperação da dignidade das pessoas, que é dada pelo emprego e renda. Ficamos décadas crescendo quase 10% ao ano, já vivemos uma situação de pleno emprego, com política salarial que definia a regra para o reajuste do salário nos anos seguintes.

Mas, hoje, estamos com mais de 14 milhões de desempregados, taxa altíssima que gera uma desesperança enorme, fome, insegurança nas ruas e uma violência absolutamente inaceitável. Não é nesse conflito e nas ameaças às instituições que vamos encontrar a melhor saída para os problemas das famílias brasileiras.

A pandemia ceifou quase 600 mil vidas no Brasil, dado doloroso que marca também desatenção e desinformação sobre ações e cuidados no país. Em respeito aos que partiram e em defesa dos que ficaram, temos que arquitetar propostas viáveis por meio de uma troca de ideias construtiva. Dos dois lados, os grupos que pregam a intransigência são minoritários. Acreditamos que a união da maioria, empregando força moral, política, a convivência sob regras de civilidade, reestabelecerá o eixo do país, e sem abrir mão, nem por um segundo, das nossas garantias constitucionais.

*Sociólogo, ex-governador do Rio de Janeiro e presidente do Conselho Curador da Fundação Ulysses Guimarães — MDB

Artigo publicado no jornal Correio Braziliense, Editoria Opinião, em 14/09/2021.

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