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A Mobilidade Humana no Brasil e os fluxos migratórios

17/09/2024

Por José Fogaça

O tema fica delicado porque pode interferir em políticas antiimigração nos países desenvolvidos ou até nos países em desenvolvimento. A mobilidade populacional, no entanto, em razão das mudanças climáticas, também está está acontecendo em proporções cada vez maiores entre regiões e cidades, dentro da área geográfica dos países. Por isso a discussão sobre políticas ambientais não vai fundo na questão da mobilidade humana. Mas é importante constatar que os problemas ambientais têm sido fator de mobilização das populações, em diversos lugares do mundo. Não é diferente no Brasil.

No Brasil presentemente há um perplexidade imobilizante com os incêndos nas regiões de floresta e cerrado. Respeitados cientistas ambientais têm aventado a possível extinção do Pantanal dentro de algumas décadas. O Brasil precisa urgentemente tomar consciência de que grandes desastres ambientais terão sérios reflexos na mobilidade das populações nos próximos anos. Torna-se necessário, desde já, sobre isso, um criterioso planejamento abrangendo todas as regiões do país. De nada adiantam políticas locais quando os fluxos migratórios ultrapassarem 1 milhão de pessoas por ano. É algo que não pode ser colocado em segundo plano.

O planejamento e a responsabilidade das políticas públicas envolvendo mudanças climáticas versus movimentos migratórios é responsabilidade, portanto, do GOVERNO FEDERAL. Há um estranho silêncio no país. A imprensa, quer achar respostas para a calamidade ambiental apenas no governo anterior, que, por certo, tem sua responsabilidade, mas não governa mais. Silencia-se sobre a responsabilidade e a urgência do momento atual. O governo parece completamente imobilizado. Por outro lado, nenhum, repito, nenhum partido tem posição sobre isso, nem o nosso.

Fazer de conta que isso não existe é agir como o Bolsonaro na pandemia. É como dizer: não existe pandemia, não tenho nada a fazer. Sabe-se que a mudança climática já é uma realidade e sabe-se que ela provoca pesados deslocamentos demográficos, embora nem sempre referenciados. O fluxo migratório anual no Brasil devido às mudanças climáticas já é de, em média, 750 mil pessoas. Famílias ou indivíduos têm trocado de região ou cidade para fugir dos desastres ambientais. Fogem não só da pobreza, mas também da inviabilidade climática.

Milhões habitam áreas de risco, ou regiões de grande instabilidade. O governo federal parece não saber o que fazer diante de tais fenômenos. Tenta-se, de forma aleatória e bastante superficial, encontrar e identificar culpados individuais e poucas medidas de prevenção e ação têm sido realmente tomadas.

Autores José Fogaça