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Eleitorado se afasta e siglas dizem buscar “bandeiras”
17/03/2008Os principais partidos brasileiros dizem que agora estão em busca de bandeiras que os aproximem mais dos eleitores.
Segundo dados do Eseb (Estudo Eleitoral Brasileiro, feito pela Unicamp), de 2002 a 2006 caiu de 40% para 29% o percentual do eleitorado que identificava algum partido político como representativo de sua maneira de pensar. O número de eleitores que disseram gostar pelo menos um pouco de um partido caiu de 48% a 33%.
Já o Datafolha mostra que, em maio de 2002, o percentual de eleitores que não se identificava com nenhum partido atingia 42%. Na época, PT (23%), PMDB (10%), PFL e PSDB (ambos com 5%) eram os mais citados. Na última pesquisa, em novembro de 2007, os eleitores “sem partido” somavam 54% -12 pontos percentuais a mais. A preferência pelo PT havia caído para 18%, e a do PMDB, oscilado para 8%. O PSDB chegou a 8%, mas o DEM caiu a 2%.
Neste ano, mesmo o PMDB, um partido historicamente fragmentado, fala em discurso afinado. Apostilas e DVDs com aulas sobre história do PMDB serão apresentados a militantes e candidatos. Um documento, o “MDB/ PMDB, uma sigla de respeito”, foi escrito para firmar as 15 bandeiras do partido, como “a felicidade é o direito de todo cidadão” e “política com a verdade e a honestidade”.
José Eduardo Cardozo, secretário-geral do PT, diz que “há ilhas de indivíduos políticos sem construções partidárias”. Para ele, o PT “tem que ser mais criativo”. Ricardo Berzoini, presidente do PT, diz que “existe obviamente uma credibilidade abaixo do desejável na média do sistema partidário”.
Ele vê uma troca no perfil do eleitorado petista. “Tem um ganho expressivo por conta do desempenho do governo federal, mas também de prefeituras e governos estaduais nossos. Por outro lado, teve a imagem afetada pela crise, porque provocou um questionamento no sentido ético”, afirma.
“Hoje o PT tem uma força no Nordeste que há 15 anos nem sonhava ter. Em regiões onde o impacto das políticas do governo foi menor, muitas vezes o questionamento ético supera a força das realizações. Depende muito da região é do estrato social”, complementa o presidente do PT.
Um ponto do Eseb que chamou a atenção de especialistas foi a queda na diferenciação entre partidos. Em 2002, o eleitorado via dois pólos opostos (PT, PDT e PTB contra PSDB, PFL e PMDB), mas em 2006 a diferenciação já era muito menor.
Alunos
O deputado Eliseu Padilha (RS), presidente da Fundação Ulisses Guimarães, organiza as aulas peemedebistas, que serão preparadas por professores da UnB (Universidade de Brasília). O Rio Grande do Sul é o primeiro a ter aulas obrigatórias. Lá a expectativa é de 40 mil alunos em 2008. “Se há a unificação do discurso, você torna o militante mais apto para o proselitismo político. Vai falar sobre o que ele sabe”, diz Padilha.
Presidente do DEM, o deputado federal Rodrigo Maia (RJ) diz que o partido, em sua “refundação”, tenta fazer “escolhas que deixem claro para um nicho de eleitor, de classe média mais urbana, que têm uma representação clara”.
Para o deputado, o DEM fez “uma defesa de um seguimento da sociedade que estava carente e que já estava achando que todos partidos eram iguais, que, no final, todo mundo se entendia [no Congresso]”.
Maia complementa que o desafio “é fazer que as pessoas saibam o que o partido representa e o que o partido representa”.
Vice-presidente do PSB, Roberto Amaral diz que a crise partidária é “insuflada no Brasil pela imprensa e por uma crise ideológica”. “Uma das coisas graves é a gelatina. Nossa primeira movimentação foi constituir um bloco de esquerda. A partir desse bloco, vamos fazer uma campanha, lançar um programa comum e vamos rodar o país levando esse programa.”