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Este ano será muito mais confortável e produtivo, diz Moreira Franco

09/01/2017

O presidente da FUG, Moreira Franco, concedeu entrevista à jornalista Marina Dias, da Folha de S.Paulo. Ele falou sobre as reformas do governo e afirmou que a fórmula para 2017 será a microeconomia, e que medidas serão lançadas nas áreas financeira, de educação e de acesso à tecnologia.

Sobre o Projeto Crescer, na área de infraestrutura, Moreira Franco afirmou que o governo criou maior concorrência e um ambiente de segurança jurídica para que as pessoas tenham confiança para investir. Segundo ele, o investimento vai gerar empregos e melhorar a qualidade dos serviços.

Confira a entrevista publicada no último domingo (8):

Folha – Michel Temer começa o ano com a economia ainda patinando e baixíssima popularidade. O que fazer para o governo sair do atoleiro?
Moreira Franco – Antes de Temer assumir a Presidência, no documento “Uma Ponte para o Futuro” [do PMDB], já falávamos da profundidade da crise e da devastação que a economia sofreu no governo Dilma.

Víamos a gravidade e dizíamos que o problema não seria resolvido num prazo curto porque a questão era fiscal e não um problema inflacionário. Quando é inflacionário, há mecanismos que permitem obter respostas, inclusive de popularidade, muito mais rápidas do que quando a questão é fiscal.

O presidente se incomoda com a baixa popularidade?
Não é confortável. Uma mulher que se acha bonita e é achada bonita pelos outros tem uma vida muito mais confortável do que a que não se acha bonita ou a que não é considerada bonita. Temer sabe que se, ao final do governo, colocar a economia em ordem, terá reconhecimento.

Fala-se de mais medidas para a microeconomia e concessões em infraestrutura. Quais serão as novidades?
Sobre concessão, fizemos mudanças de natureza regulatória e criamos maior concorrência para que as pessoas se sentissem em um ambiente de segurança jurídica, garantindo previsibilidade. Esse é um resultado estruturante, não micro, e você precisa criar um ambiente de negócios adequado para que as pessoas tenham confiança para investir. E o investimento vai gerar empregos e melhorar a qualidade dos serviços.

Mas haverá novas medidas?
Sim. Não só na área financeira, mas na área da tecnologia, inovação e educação para aumentar a produtividade.

São medidas de impacto no bolso das pessoas, outras de impacto no ambiente da economia e outras de impacto no acesso do brasileiro a um mundo determinado pelas novas tecnologias. A fórmula será a microeconomia. O governo vai enfrentar as reformas no ambiente microeconômico com a mesma determinação com que enfrentou a questão fiscal.

Pode detalhar as medidas e dizer quando serão lançadas?
“Pacote” não existe nesse governo. Não posso detalhar porque isso está em estudo e em discussão entre Temer e a equipe econômica. Sobre o prazo, terão que vir rápido porque temos urgência. Temos um governo de dois anos em que cada dia vale o dobro.

Empresários estão assustados com a crise. Quando os investimentos voltarão?
Este ano será muito mais confortável e produtivo que o ano passado. Isso significa que vamos voltar às taxas de crescimento que já tivemos anos atrás? Ainda não.

Temer desistiu de fazer uma minirreforma ministerial?
Nunca ouvi Temer falar em minirreforma ministerial.

Não adiantaria para conter insatisfações na base aliada?
Não.

Partidos do centrão reclamam do apoio do governo à reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao comando da Câmara. Ele é o candidato de Temer?
O governo não tem candidato. Mas é claro que tem reflexo na relação com o Executivo o nome que for escolhido para a Câmara e o Senado…

Por isso Temer tem articulado para desmobilizar possíveis candidaturas contra Maia?
Temer não está fazendo essa costura, mas o ideal seria que tivéssemos uma única candidatura [da base]. O melhor candidato é o que tiver maior apoio na Casa. Acho que a dispersão eleitoral sempre deixa sequelas. Estamos vivendo um momento delicado na área econômica e é necessário um esforço para respeitar o que nos ensinou [o poeta] Fernando Pessoa quando disse que “o essencial é o que vale a pena”.

Estamos vivendo um momento delicado na área econômica e é necessário um esforço para respeitar o que nos ensinou [o poeta] Fernando Pessoa quando disse que “o essencial é o que vale a pena”.

Com uma pauta de reformas importantes a ser votada no Congresso, não é ruim ter focos de insatisfação na base?
Lamentavelmente nós somos obrigados a viver com os problemas do dia a dia. Normalmente não é um quadro ideal. A disputa política tem que ser resolvida no Parlamento, que tem instrumentos para isso, como o critério que, infelizmente, no passado recente foi rasgado de a presidência [da Câmara ou do Senado] ser do partido que teve o maior número de votos, as comissões e a composição da Mesa Diretora seguirem o critério da proporcionalidade…

Nesse critério Maia, do DEM, não seria o presidente.
Pois então.

O critério precisa prevalecer?
Não, existem as coligações…

Temer foi citado pelo menos três vezes nas delações da Odebrecht por supostas práticas ilícitas. Afeta o governo?
Não devemos temer esse processo que é extremamente saudável para as instituições políticas e econômicas, pela repercussão empresarial que terá. As investigações que começaram com o mensalão e continuaram com a Lava Jato não afetaram a estabilidade institucional do país.

Ministros perdem cargos e políticos são presos. Isso não gera instabilidade?
É claro que se as questões envolvessem pessoas que não fossem grandes empresários, agentes políticos de grande expressão, partidos com representatividade e história longa no país, nada disso geraria a tensão político-institucional que gera, claro que gera.

A citação a Temer pelo ex-executivo da Odebrecht Márcio Faria não se refere a possível caixa dois, mas a suposta doação eleitoral em troca de favorecimento para a empreiteira em contratos da Petrobras. Não é uma acusação grave?
Isso é uma delação, não é uma acusação ainda. É uma acusação de uma empresa que se organizou para o crime. O que nós estamos vendo hoje é que essa empresa estava organizada para o crime, era uma organização criminosa, e não era só no Brasil, era uma organização criminosa no mundo.

Uma dessas pessoas que praticaram crime não só aqui mas no mundo todo disse isso [sobre Temer]. Nós temos mecanismos legais que permitem apurar se isso é verdade ou não e isso ainda não é verdade. Lamentavelmente como a figura pública das pessoas que são citadas têm muita expressão há uma certa espetacularização de uma delação que não há prova e que ainda vai ser avaliada pelas instâncias legais.

Esse não era o discurso do PT quando alguém do partido aparecia em uma delação?
Desde o mensalão até agora, já teve provas, julgamento, condenações e prisões. Tem uma diferença fundamental: o PMDB jamais se organizou como partido político para a prática do delito… você tem pessoas que eventualmente cometeram [delito].

Eduardo Cunha (PMDB-RJ) enviou uma série de perguntas a Temer quando o arrolou como sua testemunha de defesa na Lava Jato. Cunha quer constranger o presidente?
É irrelevante saber se Cunha está tentando ou não constranger o presidente.

O governo teme que Cunha fale o que sabe?
Não.

Além de Temer, o senhor e o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) foram citados por delatores da Odebrecht. Temer já comunicou que pretende mantê-los no governo?
Temer já deu declaração pública [que sim]. Fiquei indignado porque o que Cláudio Melo Filho [delator] faz não é nada além de suposição. Nunca conversei sobre recursos de campanha com ele e, aliás, ele diz isso.