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Fundação Ulysses Guimarães lança obra sobre a potiguar Nísia Floresta

23/11/2016

O pensamento feminino de quem aplicou ideias e convicções na busca do reconhecimento, por parte da sociedade, de que mulheres e homens teriam de desfrutar de direitos iguais, principalmente os direitos à dignidade humana e ao saber. Precursora do feminismo no Brasil, Nísia encontrou formas de defender o que vieram a ser os direitos constitucionais de cidadania e de representação. Um resumo do livro ‘Nísia Floresta: uma mulher à frente de seu tempo’? Igualdade, conhecimento, respeito e cidadania.

Obra está disponível para download no acervo digital da Fundação Ulysses Guimarães.

Obra está disponível para download no acervo digital da Fundação Ulysses Guimarães.

“Como mulher potiguar sempre estive atenta ao pioneirismo da escritora Nísia Floresta. Sua trajetória inspiradora me fez dedicar um tempo para revisitar sua obra e, sempre que pude, aproximar-me de estudiosas e estudiosos que discorreram sobre ela. Aos poucos fui me apropriando do legado dela e, antes de me assumir feminista, pude comprovar que o feito de Nísia Floresta era muito maior que tudo que eu vi ou ouvi falar. Quando fui convidada pelo presidente da FUG/RN, Gleire Belchior, para elaborar o projeto de reedição da obra mais lida e divulgada de Nísia, senti-me imensamente gratificada. Minhas palavras andantes tinham reverberado e concretamente nós traríamos Nísia Floresta para a atualidade”, destaca Udymar Pessoa, pesquisadora e mediadora da FUG/RN.

Com a organização da Fundação Ulysses Guimarães Rio Grande do Norte – e lançada durante a 9ª edição do Congresso Nacional -, a obra apresenta a bravura do sentimento de patriotismo e de brasilidade. Destaca os temas que Nísia havia escolhido como prioritários: a mulher, o negro, o índio e a república. O livro está disponível para download no acervo digital da FUG, no link: http://www.fundacaoulysses.org.br/acervo/

Confira alguns trechos da obra:

 “Autora foi uma honrosa exceção em meio à massa de mulheres submissas, analfabetas e anônimas, e por isso costuma ser lembrada como a precursora do feminismo no Brasil, e na América Latina, pois não existem registros de textos anteriores realizados com estas intenções. Nísia questiona, no livro, o porquê de não haver mulheres ocupando cargos de comando, tais como de general, almirante, ministro de estado e outras chefias. Ou ainda, por que não estão elas nas cátedras universitárias, exercendo a medicina, a magistratura ou a advocacia, uma vez que têm a mesma capacidade que os homens. Como se vê, ela vai fundo em suas intenções de acender o debate e de abalar as eternas verdades de nossas elites patriarcais.

 “Nísia é precursora ao mostrar que a mulher foi envolvida em uma rede: não lhe dão educação pois elas não desempenham tarefas em espaços públicos, e elas não as desempenham pois não são educadas. Daí o círculo que só será rompido pela educação.”

“Quanto mais ignorante é um povo tanto mais fácil é a um governo absoluto exercer sobre ele o seu poder. É partindo desses princípios, tão contrário à marcha progressista da civilização, que a maior parte dos homens se opõe a que se facilite à mulher os meios de cultivar o seu espírito.”  Opúsculo humanitário

“A esperança de que, nas gerações futuras do Brasil, ela [a mulher] assumirá a posição que lhe compete nos pode somente consolar de sua sorte presente.”
Opúsculo humanitário

Nísia Floresta surgiu — repita-se — como uma exceção escandalosa. Verdadeira machona entre as sinhazinhas dengosas do meado do século XIX. No meio de homens a dominarem sozinhos todas as atividades extra domésticas, as próprias baronesas e viscondessas mal sabendo escrever, as senhoras mais finas soletrando apenas livros devotos e novelas que eram quase história de Trancoso, causa pasmo ver uma figura como de Nísia. Gilberto Freyre