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Para onde a cidadania?

28/06/2013

Eliseu Padilha*

O Brasil vive, nestes últimos dias, seguramente, sua maior mobilização
popular de todos os tempos. A cidadania, num aparente despertar, saiu às
ruas para manifestar sua contrariedade em relação à gestão pública,
generalizadamente.

Não se trata de um movimento ordenado por
ideologias ou interesses políticos partidários. Ao contrário, as
bandeiras dos partidos políticos tem sido repudiadas fática e
fisicamente. O que se tem visto é a espontaneidade cidadã mobilizando a
cidadania rumo às suas legítimas aspirações. De norte a sul e de leste a
oeste do país, em municípios de todos os portes, os brasileiros estão
indo às ruas para dizer que querem melhorias nos serviços e nas gestões
públicos.

Para nós da Fundação esta situação não surpreende.
Quando iniciamos nosso Programa de Formação Política, há mais de seis
anos, já tínhamos conhecimento de que a população não estava se sentindo
representada na ou participante da vida política nacional.

Iniciamos nossas atividades, na área de formação política, a partir de
parcerias com a academia. Professores do Instituto de Ciência Política
da UNB e da UFRGS e de outras universidades conferiram aos nossos
cursos, desde o princípio, a isenção e a credibilidade indispensáveis,
quanto às lições sobre a cidadania e a política.

Para chamar
aos cidadãos a participar, como protagonistas da formulação e da
fiscalização da execução das políticas públicas, em todos e em cada um
dos municípios brasileiros, criamos e estamos ofertando, já há vários
anos, o curso “… cidadania comunitária”, que está propiciando aos
participantes uma qualificada inserção na democracia participativa com a
qual sonhou o constituinte de 1988.

Em dezembro de 2011,
através de pesquisa nacional que fizemos, por via de respeitada empresa
cujos pesquisadores são psicólogos coordenados por psiquiatras, para
aferir o sentimento dos brasileiros sobre, a política, os políticos e as
instituições políticas, com tristeza vimos confirmada nossa percepção:
apenas 10,8% dos brasileiros, tem algum interesse ou participação
política. Ou seja: O mundo político brasileiro, segundo o apurado,
restringia-se a cerca de 10% da população. Faltando, portando,
legitimidade para a representação política da nação.

No
entanto, neste momento histórico, com a cidadania nas ruas apontando
caminhos, como os partidos políticos, na sua totalidade, perderam as
condições para sua interlocução, temos que, rapidamente, reinventar as
fórmulas e as formas de interação com seu inconsciente político coletivo
para, a partir daí, reconstruirmos a representação política que nosso
partido já exerceu de forma tão exemplar, que chegou a ditar os rumos à
nação.

Foi com a mente nesta reinvenção e reconstrução que
nossa Fundação promoveu este Seminário, com a participação de nossas
mais expressivas lideranças partidárias.

(*) Presidente nacional da Fundação Ulysses Guimarães