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Partidos devem ser os porta-vozes da educação no Brasil
19/06/2021“Estamos vivendo um momento que precisamos recuperar e ter nos partidos porta-vozes da nova visão da educação, o que é educação de verdade. Não é homeschooling, mas escola pública boa. Escola pública boa não é escola militar”, afirmou a presidente do Todos pela Educação, Priscila Cruz, em debate promovido pelo Conselho Editorial da FUG (CONEP). Para ela, as discussões hoje no Brasil estão polarizadas e os partidos precisam ter uma visão além dos políticos. “O MDB tem um papel fundamental de recuperação da política dos partidos. Porque o que é defendido pelas lideranças públicas e políticas do Brasil é reverberado para a população. O exemplo arrasta.”
Focada nos grandes temas relacionados à sociedade brasileira, a FUG está com o Projeto “O Brasil precisa pensar o Brasil”, reunindo pensadores, políticos e estudiosos para discutirem políticas públicas e apresentar ao MDB um programa que contemple respostas as causas mais urgentes. O primeiro tema da discussão foi a educação.
O CONEP, presidido pelo ex-senador José Fogaça, conversou com Priscila Cruz, no último dia 14, com a presença dos conselheiros e do presidente nacional da FUG, Alceu Moreira. “Ouvimos uma análise muito profunda, abrangente e extensiva. Começando com as bases da mudança na educação brasileira. Acho que o grande marco, que foi o Fundef, realmente redirecionou o futuro do país. Enfim, toda uma agenda estruturante que pode dar um pouco de esperança ao Brasil”, disse Fogaça durante a condução do debate.
Segundo a presidente do Todos pela Educação, o Brasil aprendeu com a pandemia. Mas, agora, há uma agenda emergencial que é a reabertura gradual, segura e efetiva das escolas, privilegiando as crianças que mais precisam. “O que não dá é ter mais um ano com escolas fechadas. Se for possível abrir para 20% ou 40%, vamos abrir. Se precisar fechar porque teremos uma terceira onda, fecha e reabre. A escola tem que ser a última a fechar e a primeira a reabrir. Estamos fazendo o oposto. E condenando essa geração de estudantes que está sendo chamada de geração Covid”.
Pelos dados apresentados por Priscila, a educação pública no Brasil não é um fracasso e reage bem. Em 10 anos, saltou de 28% (2007) das crianças com aprendizado adequado para quase 61%. “Houve um salto de qualidade em apenas 10 anos. Não precisamos de 20, 30 anos, conseguimos avançar em menos tempo. Agora, com a pandemia, vamos voltar algumas décadas nesses resultados, mas isso é um recado a respeito dessa capacidade” frisou.
Além dos resultados, ela destacou que a escola não é só aprendizagem: é oportunidade, aumento de produtividade, qualidade da democracia, participação da cidadania, prevenção de doenças. Há uma série de consequências positivas da escola que vêm com a aprendizagem.
Valorização do professor – “Não há bala de prata, mas se houvesse, seria o professor. É preciso melhorar a atratividade. A formação inicial deve ser integral. Temos várias experiências no mundo sobre isso. Temos que investir no professor”, afirmou Cruz aos membros do Conselho.
Para ela, não adianta ter boas políticas implementadas, se não envolver o professor. “A boa gestão significa trazer para perto os professores para cadeia de implementação. Esse envolvimento é fundamental para criar instâncias. Quando se pergunta aos professores o que eles querem, tem duas respostas antes do salário: uma é participação e a outra é formação”, observou.
E, sugeriu mudar a atratividade para a carreira, a formação inicial, e atuar junto a estados e municípios para acelerar a carreira do professor. “Podemos medir com portfólio, avaliações, feedbacks, com o trabalho do coordenador pedagógico. Chega de brincar com a profissão docente. O professor tem que ser o ‘PPP’ – principal profissional do país. Se não colocar o PPP na cabeça, vamos fracassar com a educação. A qualidade do professor é o teto. Se subir o teto da qualidade do professor, as políticas públicas têm espaço para crescer, mas o professor baliza o que é possível crescer”.
Ao finalizar, Priscila Cruz afirmou que “o MDB tem que criar espaços de diálogo, de reconexão da educação com a população brasileira. De reconexão da educação com os partidos, com a tomada de decisão, com as escolas e as famílias. Talvez o MDB seja um dos espaços mais privilegiados, com maior capacidade e capilaridade para que isso aconteça. O MDB tem um potencial de engajamento, articulação, mobilização, da ponta, das grandes lideranças do país”. E, deixou mais um alerta: “a trajetória é perigosa na educação. A educação não foi priorizada no enfrentamento da pandemia, mas dá pra mudar”.
Você pode acessar o vídeo da palestra em: https://youtu.be/vLnh2g7HvZ0
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Thati Souza e Samia Collodetti
Assessoria de Comunicação Social FUG Nacional