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Sucessão de erros levou ao desencanto, e a indignação transbordou!
28/06/2013**Amaury Cardoso
No processo histórico brasileiro a democracia participativa sempre foi muito fraca. Lamentavelmente a participação popular é limitada ao período eleitoral, onde um dos principais motivos é a falta de cultura política para participar o que piora em razão da decepção com a política representativa, que não traz soluções para os problemas mais candentes da sociedade pelo fato de não existir canais que liguem a população a sua representação. O que se percebe é que aqueles que fazem política estão afastados do mundo daqueles que outorgam aos políticos exercer a política voltada para o interesse da coletividade. Com isso, cria-se uma dificuldade para a existência de uma real democratização da sociedade. O fato é que nossa cultura política ainda é muito incipiente.
Os partidos políticos tem se tornado imensas massas burocráticas em que novamente os problemas da participação e da representação se colocam.
“Nada mais reflete a deterioração da política hoje do que a invasão do privado na política, onde é priorizada a preocupação das pessoas em conseguir fazer valer seus interesses particulares.” Acredito ser este comportamento a razão de estarmos diante de um declínio político muito grande e temos que estar preparados para esse acontecimento. As pessoas não acreditam mais nos políticos diante da desconexão desses e das questões que estão emergindo, tais como: a ausência de ética e o aumento da corrupção.
Entendo como fato dessa afirmativa, as manifestações com a população indo as ruas, saindo do estado de complacência e inércia, deixando clara que a insatisfação é grande e protestando contra uma série de irregularidades praticadas por autoridades governamentais e políticos, que contaminam as instituições e levam ao seu descrédito: a corrupção avassaladora, a impunidade, a falta de ética, a deficiência na prestação dos serviços públicos, a falta de perspectiva de futuro de grande parte da sociedade cansada de viver na marginalidade social, a falta de oportunidade e expectativa de futuro dos jovens, dentre outras, são os principais motivos que levam as pessoas as ruas, e tiraram o “mundo político” dos eixos. A sociedade que estava a muito tempo anestesiada, num ato que legitima a Democracia Representativa, deixa claro que sua indignidade transbordou, e exigem um basta a continuidade desse sistema imoral e perverso que lhes negam seus direitos básicos, a começar pela qualidade e universalização na educação e saúde.
Pelas características do movimento ficou claro uma nítida insatisfação com as instituições, e uma grande repulsa aos partidos políticos, que é preocupante face serem fundamentais no processo democrático.
Muitos políticos com práticas e visões arcaicas, vivendo no seu mundo autista, podem se considerarem aposentados. Esta verdade se aplica aos governantes que não atuarem com transparência, honestidade e eficiência.
Verifica-se uma incapacidade de grande parcela de políticos de entender o potencial explosivo das condições de vida urbana e em particular, a ausência de políticas para a juventude.
O padrão de arrogância precisa ser revisto dando espaço para a humildade e sensibilidade para ouvir o clamor da sociedade. As pessoas se sentem cada vez menos representadas pelos partidos, pelos políticos, pelos governantes, ou seja, enxergam as instituições com desconfiança e descrença. Essa desilusão afeta diretamente a democracia representativa quando a população revela seu sentimento ao pregar a antipolítica e antipartidos. Essa visão é muito grave!
Destaco um trecho do artigo, publicado no jornal O GLOBO, de Paulo Nogueira Batista Jr ao afirmar: “Quando a desilusão política se combina com as dificuldades econômicas e sociais, explode a insatisfação… Para que votar? O eleitor vota, o político se elege, mas o poder econômico da as cartas, durante e principalmente depois das eleições”.
Há uma percepção da sociedade de que o poder legislativo não reflete seus interesses propiciando um abismo que separa a população de seus representantes fazendo com que se coloque como inadiável repensar o sistema político que macula a democracia representativa, que já não representam ninguém, como assistimos nas mensagens contidas nos cartazes e palavras de ordem nas manifestações que ficarão marcadas na história neste século XXI.
Uma coisa é certa. Estamos diante de uma grande incerteza sobre os desdobramentos políticos que advirão, pois acredito que a sociedade continuará a exigir mudanças.
E QUE VENHAM AS MUDANÇAS!!!
**Amaury Cardoso é presidente da Fundação Ulysses Guimarães do Rio de Janeiro, membro e delegado do diretório municipal da capital e do diretório estadual do PMDB do Rio de Janeiro. É pós-graduado em Gestão Pública e em Administração e físico do INMETRO/IPEM-RJ.