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Tecnologia para quem mais precisa, defende Renato Meirelles
31/07/2021O ciclo de palestras ‘O Brasil precisa pensar o Brasil’ recebeu o comunicólogo e fundador do Datafavela, Renato Meirelles, para debater sobre o tema “O impacto no comportamento dos brasileiros das classes C, D e E”. Idealizado pela Fundação Ulysses Guimarães e organizado pelo seu Conselho Editorial, as discussões acontecem todas as segundas-feiras sobre as principais agendas do país. “Estamos trazendo para estes debates pessoas que conhecem profundamente o Brasil, os grandes dramas sociais que acometem no nosso país” disse o presidente do Conselho, o ex-senador José Fogaça.
Renato Meirelles iniciou sua apresentação com um dado alarmante: em fevereiro deste ano, 70% dos 18 milhões de moradores de favelas não tiveram dinheiro para comprar comida. “18 milhões de pessoas é mais que o estado da Bahia. Se existisse um estado brasileiro chamado ‘Favela’ ele seria o 4º maior do país”, afirmou.
Para ele, quando se fala em favela, é um lugar que o estado não existe, não tem notoriedade, porém se fala de uma realidade do Brasil, que não parou durante a pandemia, e não deixou o país parar. “São estes verdadeiros moradores da favela que deveriam ser o grupo prioritário da vacinação. São os entregadores do Rapi, o cobrador de ônibus, a faxineira que acende e apaga a luz do hospital, o gari, o frentista, pessoas que trabalham em profissões aonde o home office não é possível”.
Sobre a política do negacionismo, Meirelles ressaltou o fato do governo admitir, na época da distribuição do auxílio emergencial, que existiam 30 milhões de invisíveis. “O maior desafio é como fazer para que o processo de distribuição de renda social chegue a quem mais precisa? Quando você admite 30 milhões de invisíveis, você admite que não há políticas públicas e nem econômicas para estas pessoas”.
“O melhor para quem mais precisa começa com a tecnologia”. Essa frase resume um dos problemas mais graves apresentados por Renato que as classes D e E são acometidas, diariamente. Hoje, o Brasil está discutindo a implantação do 5G, quando nas favelas não há nem 3G, além das zonas de apagão da internet, “porque a lei de antenas é do século passado”.
Segundo o palestrante há uma exclusão digital por falta de infraestrutura. E ele faz uma ponderação importante: “É possível ter metade dos direitos garantidos na Constituição, como direitos fundamentais, sem a internet? Quando o jovem precisa da internet para estudar, o idoso precisa da internet para marcar a consulta, a mulher precisa da internet para fazer a denúncia de maus tratos… a internet não deveria ser um direito fundamental garantido na Constituição? Porque sem ela, todos os outros direitos – saúde, educação, segurança, alimentação, e outros – ficam comprometidos”.
Esse abismo digital, imposto pela falta da internet, que na prática impossibilita os cidadãos de terem acesso as políticas públicas, também impede deles exercerem a sua cidadania.
Sobre a política de centro, Meirelles afirmou que o Brasil mais do que nunca precisa de política exercida com P maiúsculo. E isso significa fazer política mais pelo consenso do que pelo dissenso. “O problema não é ser de centro. O problema é não achar que tem que radicalizar o centro. O centro não pode ser morno. O centro é política pública baseado em evidência. Não é uma coisa norma. Essa radicalização do centro é o que vai nos tornar mais relevantes para população”.
Você pode assistir a íntegra da palestra pelo YouTube: https://youtu.be/6ppoabbjHAs
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Thatiana Souza
Assessoria de Comunicação Social – FUG Nacional